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2020: O ano em que o Sense-Lab ganhou o mundo e mergulhou na complexidade



O dicionário define complexidade como algo que abarca e compreende vários elementos ou aspectos distintos cujas múltiplas têm relações de interdependência. Até aí, tudo bem, o Sense-Lab sabia o significado da palavra. O que não imaginávamos era a dimensão e a potência da complexidade de trabalhar com uma rede global.


Em junho de 2020, o Sense-Lab foi convidado para construir a primeira Teoria de Mudança, ou seja, um modelo que demonstre como as estratégias se conectam com resultados e uma visão positiva de transformação, da rede global do B Lab. No meio do caminho, veio mais um convite – desenvolver o planejamento estratégico de um ano para essa rede. Isso significava fazer um alinhamento global do movimento B através de um mergulho profundo na sua estrutura atual, no histórico já construído e no entendimento coletivo do propósito e visão de mudança dessa rede.


O B Lab é uma rede de organizações, bastante conhecida pela certificação de Empresas B, que está presente em sete regiões – Europa, Estados Unidos & Canada, Ásia, América Latina, Austrália & Nova Zelândia, Reino Unido e África Oriental –, que catalisa a construção de um movimento pela mudança do sistema econômico. A mesma é ancorada pelo B Lab Inc, uma organização que articula a rede globalmente.


Mas, para entender o nível de complexidade pelo qual o Sense-Lab teve que navegar ao longo desse trabalho, é preciso conhecer a estrutura de governança dessa rede.


Cada uma das organizações que compõem a Rede Global do B Lab tem sua própria governança, incluindo sua própria diretoria e conselho. São sete Parceiros Globais - uma para cada região, em algumas regiões existem ainda Parceiros Nacionais responsáveis por articular o movimento em seus países, como é o caso do Sistema B Brasil. Para se ter uma ideia, só o Sistema B (rede regional na América Latina) é composto por organizações em 19 países e a Europa por outros 15 países. Além disso existe um conselho para o B Lab Inc.


O B Lab Global e o B Trust são governados pelo conselho do B Lab Inc e o Time de Liderança Global, formado por CEOs e diretores executivos da rede global B Lab, onde as lideranças das regiões e das entidades globais se alinham e tomam decisões que impactam a rede como um todo. É nessa rede de redes com múltiplos níveis de governança que se deu o desafio de criar um alinhamento estratégico conjunto e coerente, e ainda por cima norteada por uma visão nada singela de mudar o sistema econômico global.


Ao longo desse processo de coconstrução de uma Teoria de Mudança e desenvolvimento de um planeamento estratégico, o Sense-Lab interagiu com mais de 45 países do mundo, e realizou cerca de 90 encontros virtuais ao longo de um semestre, facilitados ou orientados pelo Sense-Lab, conciliando fusos horários, diferentes culturas, idiomas e especificidades de cada região.


UMA TEORIA DE MUDANÇA PARA A REDE GLOBAL


A Teoria de Mudança para o B Lab foi construída de forma colaborativa para um sistema extremamente complexo, uma rede de redes. O quebra-cabeça foi alinhar essa rede de redes com base nos princípios globais – confiança e cuidado, liderança distribuída, consentimento e responsabilidade mútua.


A missão do Sense-Lab foi equacionar liderança distribuída – baseada em autonomia –, inovação e adaptabilidade aos contextos regionais e locais, a uma coerência global – como criar uma coesão com alinhamento e senso de pertencimento. Para, então, construir uma Teoria de Mudança a partir de uma visão conjunta e coerente da mudança que a rede global almeja, combinada a um planejamento estratégico que leve a mesma a alcançar essa visão.


Mas como gerar alinhamento em nível global com dezenas de organizações envolvidas e alta autonomia? Para conseguir cumprir e entregar o desafio posto, o Sense-Lab conduziu um processo dialógico, envolvendo diversos atores e gerando uma participação ativa dos diferentes atores internos da rede, fazendo com que elas se reconhecessem nos resultados garantindo legitimidade para o trabalho.


Diante da complexidade da composição dessa rede, o processo foi realizado em seis etapas, seguindo a metodologia usada pelo Sense-Lab, que tem como uma de suas bases o trabalho da dra. Glenda Eoyang, conhecido como Ação Adaptativa. A primeira fase teve foco na escuta e análise de materiais e documentos já produzidos pelo B Lab Global, e em entrevistas com seus fundadores e Parceiros Globais e Nacionais, incluindo 50 representantes dos diversos países das sete regiões que compõem a rede global. Foi um processo de escuta amplo para entender como cada membro da rede estava atuando e quais eram as principais prioridades deles. Feito isso, as informações levantadas foram levadas para 35 pessoas selecionadas como representantes de todas as regiões e diversos países da rede. No total, foram cerca de 15 workshops de escuta e construção conduzidos pelo Sense-Lab, com uma média de 30 participantes, e outros 15 encontros descentralizados, desenhados pelo Sense-Lab, mas executados pelos Parceiros Globais e Nacionais, para validação e refinamento da Teoria de Mudança. Após 22 versões preliminares, a versão 1 da Teoria de Mudança foi validada pelos conselhos dos Parceiros Globais, servindo então como norte para o primeiro planejamento estratégico global do B Lab.



O PRIMEIRO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO GLOBAL


Pela primeira vez foi realizado um planejamento estratégico conjunto para a rede global do B Lab, processo este, norteado pela Teoria de Mudança recém construída. O foco do planejamento foi a definição de objetivos estratégicos, desenho de programas globais e áreas funcionais, definição de papéis e responsabilidades dentro da rede, além de indicadores de resultado e ações para o ano de 2021.


O desenvolvimento do planejamento estratégico também seguiu seis etapas, começando com três semanas de preparação focadas no desenvolvimento conjunto do framework para planejamento com a equipe do B Lab Inc e exercício de localização (transposição para as realidades regionais) da Teoria da Mudança. Após a preparação, o processo de planejamento em si seguiu uma estrutura centrada em 2 semanas de encontros globais, totalizando mais de 20 workshops com membros de todas as regiões, intercaladas por reuniões com equipes de programas e das regiões e países para desdobrar o processo para as particularidades locais e incluir as vozes dos diferentes países na construção de um planejamento genuinamente global.


Todas essas interações levaram à definição de seis objetivos globais para 2021, ligados à Teoria de Mudança. Esses objetivos globais orientam o planejamento de cada região e país, o que resultou em implicações concretas no desenho da estrutura organizacional do B Lab Inc, o órgão que articula tudo isso no mundo, e em seu orçamento.


Sem dúvida, esse foi o projeto mais complexo que o Sense-Lab já conduziu, envolvendo muitas pessoas de diferentes países e com diversas interações. E que tem a ambição de representar uma rede global com todas as especificidades regionais e locais, contando uma história coesa e conjunta do que a mesma pretende alcançar no mundo.


O Sense-Lab tem o orgulho de ser a empresa B brasileira escolhida para conduzir esse processo. Como a gente gosta de dizer, foi um projeto nada trivial!



O IMPACTO DE UMA TEORIA DE MUDANÇA NA REDE GLOBAL


O trabalho para construir a Teoria de Mudança de uma rede global, tão complexa como a do B Lab, foi árduo, mas extremamente compensador quando se olha para o potencial de impacto positivo que pode surgir daí. Com a Teoria de Mudança, pela primeira vez, criou-se uma linguagem conjunta para definir e alinhar a atuação da rede e das organizações que a compõe. Agora, existe clareza da visão de transformação almejada e resultados que levarão a essa visão, em nível global. Mais: há melhor entendimento do escopo e abrangência de atuação da rede, com liberdade de inovação e adaptabilidade de acordo com os contextos locais, porém, tendo como guia as estratégias globais. Isso possibilita criar programas globais – como foi feito no processo de planejamento estratégico –, e dá mais clareza para os programas regionais e locais. Ter uma Teoria de Mudança é como definir um alvo para o qual todos estão mirando de forma alinhada, com estratégias e atuação mais assertiva. Isso traz uma maior possibilidade de acertá-lo em cheio, que em outras palavras, seria alcançar a visão de mudança desejada, promovendo o impacto positivo que essa rede global quer ver no sistema econômico mundial.


*Um sistema econômico inclusivo, equitativo e regenerativo para todas as pessoas e para o planeta* - Visão de Mudança

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