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(Re)significando nosso trabalho – Parte I: Estamos presos em carreiras sem sentido


Hoje em dia falar de trabalho com propósito para muitos é quase um contrassenso. Afinal, trabalho é para ganhar dinheiro e não para ter algum significado maior ou para fazer o que traz satisfação. Isso é coisa de hippie. Mas algumas perguntas são traiçoeiras e por isso nos esquivamos delas. Você está feliz e realizado no seu trabalho? Em alguns anos você se enxerga no lugar do seu chefe ou do chefe do seu chefe? Esqueça o que você acha que as pessoas a sua volta esperam de você, você sente que o caminho escolhido faz sentido para você e para os outros? Você está no piloto automático ou é protagonista da sua história?

Em conversas de bar e happy hours não é raro ouvirmos frases do tipo “Preciso parar de trabalhar para os outros”, “Só mais 3 anos aí vou procurar um trabalho que faça sentido” ou “Quero morar em um lugar próximo à natureza, longe dessa cidade maluca”.

Pode ser que você seja médico, professor ou trabalhe numa empresa na qual você realmente acredite em seu produto ou serviço. A ideia aqui não é julgar ou generalizar, mas sim partir da observação de que milhares, se não milhões, de pessoas simplesmente não sentem mais uma conexão com o seu trabalho.

Por que continuamos em carreiras que não fazem sentido para nós e significam muito pouco para o mundo? Por que vivemos em metrópoles que não nos acolhem e que não nos trazem o mínimo de qualidade de vida? Se reclamamos da política, por que não fazemos nada?

Somos nós que fazemos as nossas empresas, os nossos governos, as nossas cidades. Se elas são ruins é porque teimamos em não nos importar. Somos condicionados e forçados pelo sistema que nós mesmos criamos a focar no salário do fim do mês, em pagar as contas, em galgar posições em nossas carreiras. Os problemas coletivos não são da nossa conta, alguém outro irá cuidar disso. Afinal, sair do convencional dá frio na barriga. Mas se não nós, então quem cuidará?

Se por um minuto aceitarmos essa hipótese maluca de que nos desconectamos dos outros, da natureza e de nós mesmos, logo surge a pergunta: Quando isso tudo começou a sair dos trilhos? Trabalhamos 12 horas por dia para ganhar dinheiro que não temos tempo de gastar e comprar coisas que muitas vezes não precisamos. Criamos um sistema econômico que é excelente em fazer acontecer, mas paramos de nos perguntar onde realmente queremos chegar individualmente e coletivamente. Se tornamos a produtividade, a maximização do lucro e o crescimento econômico fins em si, não temos como exigir uma vida equilibrada e um sistema que não marginalize uma grande parcela da população e devaste os recursos naturais.

E se começássemos a nos perguntar para que servem as nossas empresas? Como resolvemos os nossos problemas coletivos? A serviço de que estamos trabalhando?

Não precisamos trabalhar mais e mais. Precisamos viver melhor. Não precisamos acumular mais bens, precisamos ter o suficiente e criar coletivamente um sistema onde todos vivam de forma descente e que se sustente no longo prazo, incluindo na equação todas as limitações ambientais e sistêmicas que nosso mundo nos impõe.

Apesar da maioria das pessoas não se dar conta, existem diversas iniciativas em todo mundo que começam a quebrar o padrão vigente, que buscam alterar o status quo, sem se perder em utopias que falharam no passado. Para muitos levamos o nosso modelo atual a um extremo que torna inevitável o surgimento de alternativas.

Existe uma série de novos movimentos que buscam resignificar o papel das organizações em geral e das empresas em particular. Observamos desde novas formas de avaliar o sucesso das organizações, como o Sistema B, até o redirecionamento dos objetivos estratégicos das corporações para a criação de valor compartilhado. Vemos todo um setor nascente de negócios e startups que aliam resultado financeiro e impacto social ou ambiental positivo. Observamos também o terceiro setor e as organizações da sociedade civil se reinventando em busca de autonomia e sustentabilidade financeira.

Existe também um movimento crescente de pessoas buscando vidas mais simples e mais genuínas e relações mais humanas. Novas formas de encarar o mundo e de encarar os diferentes contextos sociais.

Se tudo isso está acontecendo, como pode se tornar uma alternativa concreta para você? Existem diversas formas de fazer uma guinada na carreira, mas esse movimento passa por uma revisão de valores e de objetivos de vida, e por resignificar os nossos trabalhos. Será que você está preparado para isso?

 

Esse artigo é o primeiro de uma série que busca mostrar caminhos para alternativas de trabalho e de vida com mais significado e equilíbrio.

Você se interessou pelo tema? Confira os nossos cursos e workshops sobre negócios com propósito, empreendedorismo social e e design de vida: http://www.sense-lab.com/catalogo-de-cursos

 

AUTOR: ANDREAS UFER

Apaixonado por inovação social, estruturação de negócios e por conectar pessoas, Andreas é formado em engenharia pela Poli-USP e pela Universidade de Aachen na Alemanha, tem MBA em Gestão Estratégica de Negócios pela FGV e pós-graduação executiva em Estratégias de Impacto Social pela Universidade da Pensilvânia.

Após atuar por 9 anos em diferentes empresas, de grandes grupos corporativos, a empresas de pequeno e médio porte, Andreas fundou o Sense-Lab e se dedica atualmente a buscar soluções para desafios sociais e ambientais, unindo a racionalidade econômico-financeira à geração de valor coletivo.

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