O paradoxo é imaginar a imensa perda de se planejar com o olhar em um horizonte, sem levar em consideração tudo o que não sabemos e vamos aprender na caminhada até chegar lá.
Assim, planejar é o exercício de sonhar e criar uma visão conjunta sobre o que se quer alcançar. A visão construída passa a ser um norte comum, que ao ser perseguido e vivido, se torna algo diferente, escapa entre os dedos e transforma seu significado.
Ao mesmo tempo, o ato de planejar transforma a realidade e os próprios planejadores, já que a forma como vamos ver a realidade e agir, como vamos nos comunicar, quem vamos engajar, atrair e repelir, são alterados pelo ato em si.
O risco é o apego à visão que foi criada. Este enrijece, empobrece e sufoca as muitas possibilidades que querem emergir a partir do que ainda não é. O apego inibe a fluidez decorrente de se perceber parte de um todo, que não pode ser capturado em sua plenitude no exercício de pensar o futuro.
Aceitar que um organismo social, assim como a realidade a sua volta, nunca é, e sim está sempre se tornando, faz com que o ato de planejar seja um processo vivo. O planejamento torna-se o rito de projetar uma imagem no futuro, que ao longo da jornada está em constante movimento e transformação, mas que é fundamental para que a jornada se torne possível.
Planejar em um mundo líquido é o equilíbrio dinâmico, é a eterna dança, entre o sonhar e o desconstruir o sonho ao persegui-lo.
Entender isto, faz com que o ato de planejar valha a pena.
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