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Foto do escritorAndreas Ufer

Aprendendo a Voar


O futuro que emerge no vazio

No Sense-Lab todos os anos aproveitamos o fim de mais um ciclo para celebrar, refletir sobre o passado e sonhar o futuro. Este ano não foi diferente. Saímos para o nosso retiro de 3 dias, certos de que um ano que começou muito difícil e se tornou super agitado e cheio de oportunidades nos fez aprender e nos fortaleceu mais uma vez. Nossa comunidade está crescendo e estamos cada vez mais confortáveis e convictos da forma diferente como nos organizamos internamente e nos relacionamos com o mundo.

Um texto de Rubem Alves, que repercutiu em vários momentos da nossa história, esteve muito presente nos momentos antes do nosso retiro de planejamento.

“Somos assim. Sonhamos o voo, mas tememos as alturas. Para voar é preciso amar o vazio. Porque o voo só acontece se houver o vazio.”

No Sense-Lab sonhamos este voo de fazer diferente, de não nos apegarmos a receitas prontas, de desafiarmos constantemente os modelos vigentes e entrelaçarmos as nossas jornadas individuais umas com as outras e com a construção de um mundo melhor. E cada um ao seu tempo, vamos nos acostumamos com o vazio necessário para voar este voo.

 

Iniciamos o ano saindo de uma verdadeira revolução. No apagar das luzes de 2017, cristalizou-se a certeza de que o Sense-Lab não cabia mais em sua agenda original, focada em grande parte em empreendedorismo e negócios de impacto socioambiental. Havíamos incorporado os mecanismos e aspirações deste campo de atuação, mas nossa vontade transcendia as suas limitações.

Queríamos navegar e construir redes onde o setor privado colabora com o público e o social, como já havíamos experimentado. Onde pessoas estão livres para buscar o lugar no qual querem estar e onde estejam a serviço de um propósito maior do que o dinheiro. Desejávamos repensar as organizações em sua essência, como já vivenciávamos internamente em nosso dia-a-dia. Construir organizações mais humanas, com menos hierarquia e mais valores, que estejam a serviço do coletivo, e não o exaurindo.

Aspirávamos nos conectar, discutir e trocar com uma comunidade que não se perde nas disputas pequenas do dia-a-dia, na política do embate, na ganância individual e que ousa sonhar para frente. Sonhar algo melhor.

Os negócios de impacto eram uma parte do quebra cabeça, mas puxando o fio do novelo havia mais.

Sabíamos o que deixávamos para trás – mais uma gaiola, mas não tínhamos ideia do que vinha pela frente. Se no passado tentávamos entender o que éramos, em 2018 tínhamos certeza do que queríamos ser.

E assim alçamos voo.

Mal sabíamos que o primeiro semestre seria sim para acomodar ideias e pessoas novas, e fechar ciclos, mas também para apertar o cinto e suar para pagar as contas.

E os desafios e delícias foram chegando.

Geramos e difundimos muito conhecimento e fomos polinizados por inúmeros parceiros incríveis. Co-construimos uma ferramenta inovadora para modelar os negócios de impacto, o Modelo C. Co-organizamos o primeiro Seminário de Inovação Social do Brasil, com a participação de pessoas fantásticas do Brasil e do mundo. Tivemos uma participação ativa relevante no Fórum de Finanças Sociais. Facilitamos diversos eventos, rodas de diálogo, oficinas e palestras em espaços de inovação de diversas partes do Brasil para discutir o futuro das organizações.

Na frente de cursos, o nosso querido Business Design for Change chegou a sua sétima turma, alcançando uma comunidade de participantes de mais de 120 pessoas – fato comemorado com um encontro de todas as turmas. E o Liderança Sistêmica chegou para levantar a barra ainda mais, incomodar e questionar em um outro patamar o papel das organizações e dos indivíduos dentro delas.

O projeto Ondas de Transformação fechou seu ciclo, tecendo redes e aprendizados sobre o empreendedorismo e protagonismos social de base comunitária na periferia da zona sul de São Paulo.

Mas foi nos projetos onde vivenciamos alguns de nossos momentos mais desafiadores e motivadores. Redesenhamos organizações para serem mais fluidas e horizontais, questionamos propósitos organizacionais, tecemos redes, construímos planos de negócios, facilitamos conversas com dezenas de atores com foco em identificar áreas prioritárias para conservação ambiental, critérios socioambientais para concessão de crédito, estruturação de mecanismos de pagamentos por serviços ambientais e muito mais.

Trabalhamos com parceiros incríveis. Move Social, Amani, Mobiliza, ponteAponte, CoCriar, Viela, ICE, Fundação Grupo Boticário, Instituto C&A, ISA, Vagas, Instituto Sabin, WWF, Sebrae, WRI, Instituto Jatobás, Banco do Brasil, AdeSampa, BASF, Carrefour entre muitos outros.

Percebemos que tudo flui e que as pessoas certas virão se nos mantivermos abertos.

E por fim agora somos B! Passamos a integrar o grupo de Empresas B - mais uma comunidade de prática alinhada com o que acreditamos e aspiramos.

E que venha 2019! Um ano que já começa agitado e ainda muitas vezes melhor do que 2018.

 

“O vazio é o espaço da liberdade, a ausência de certezas. Os homens querem voar, mas temem o vazio. Não podem viver sem certezas. Por isso trocam o voo por gaiolas. As gaiolas são o lugar onde as certezas moram.”

Seguimos aprendendo o que é o Sense-Lab. Se ele não é só uma empresa, nem só uma rede. Como podemos entende-lo então?

O Sense-Lab é um processo organizacional aberto, onde as pessoas estão convidadas a vir e ajudar a empreende-lo, nutrir e serem nutridas, e a partir e buscar novos caminhos se e quando o tempo chegar. É um espaço para as pessoas se jogarem no vazio e encontrarem um ambiente acolhedor para aprenderem a voar.

O vazio não é só parte do processo. Ele é o que faz a jornada valer a pena! Pois é do vazio que o novo surge e onde o velho fica para trás. É o espaço da ausência de certezas, da criatividade e das muitas possibilidades de um mundo melhor.

Seguimos aprendendo a voar!



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