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Soluções Baseadas na Natureza - Apresentação de Casos


No último dia 14/12 o Sense-Lab marcou presença no evento Soluções Baseadas na Natureza - Apresentação de Casos que aconteceu na FGV EAESP, em São Paulo. O evento foi uma realização da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, em parceria com o Centro de Estudos em Sustentabilidade (GVces) da Fundação Getúlio Vargas e apoio do Ministério do Meio Ambiente (MMA), e trouxe o resultado da 1ª Chamada de Soluções Baseadas na Natureza (SBN) do Brasil, lançada em julho de 2017.

Evento FGV

O objetivo da chamada foi identificar iniciativas que demonstrassem na prática como a Natureza pode ser parte da solução para os desafios contemporâneos da humanidade, contribuindo para a adaptação à mudança do clima. Tratam-se de projetos que promovam intervenções humanas inspiradas em ecossistemas saudáveis, as chamadas Soluções Baseadas na Natureza (SBN), que trazem respostas para o avanço do nível do mar; a escassez hídrica; as enchentes; o desaparecimento da biodiversidade em terra, mar etc. Entende-se que ao se inspirar e proteger o meio ambiente as SBNs estarão protegendo por consequência a economia local e o bem estar das pessoas.

Participaram da chamada empresas, governos, sociedade civil e universidades, num total de 40 soluções às demandas da sociedade, como oferta de recursos hídricos, gestão municipal, cadeias produtivas, qualidade da água e ambientes marinhos. Das propostas recebidas foram selecionadas 15 iniciativas que tiveram seus resultados reconhecidos durante o evento e servirão de inspiração para os setores público e privado. Para conhecer em detalhes cada iniciativa basta acessar a edição especial da Revista Página22 neste link.

O evento também promoveu um debate com a participação de diversos especialistas no tema e trouxe, entre outras visões, as SBNs sob a perspectiva dos negócios. Natalia Lutti Hummel (GVces) apontou que as estratégias empresariais e as interações com diferentes atores propiciadas por suas atividades geram riscos e oportunidades operacionais e que os ecossistemas naturais em que elas estão inseridas devem ser necessariamente considerados no contexto. Segundo ela as empresas interagem com os ecossistemas de duas maneiras: dependem de serviços ecossistêmicos para seus processos produtivos (ex.: matéria prima, água, energia, etc) e geram externalidades positivas e negativas que contribuem para mudanças nos ecossistemas (ex.: emissões atmosféricas, efluentes líquidos, mudanças do uso do solos, etc). Diante desses aspectos e dos riscos globais mais preocupantes dos próximos anos segundo o World Economic Forum 2016, como crise hídrica, fracasso na mitigação e adaptação à mudança do clima, eventos climáticos extremos, crise de alimentos e profunda instabilidade social, Natalia recomenda que as empresas desenvolvam estratégias e soluções inovadoras que respondam de forma positiva aos principais desafios da sociedade.

Entre as propostas empresariais selecionadas pela chamada e que apresentam modelos de negócio sustentáveis encontram-se, por exemplo, as empresas Peixes da Amazônia S/A e a Terpenoil Química Verde. A primeira busca combater o desmatamento e as queimadas na Amazônia com a integração de produtores rurais na cadeia produtiva da piscicultura e com a consequente geração de renda alternativa. Hoje, esse modelo de negócio inovador de impacto socioambiental já apresenta resultados positivos no aumento da qualidade de vida dos proprietários rurais e na restauração e conservação de áreas naturais. A Terpenoil por sua vez busca combater a poluição hídrica e as emissões de gases de efeito estufa (GEE) com processos inovadores na produção e transporte de seus produtos. Sua linha de produtos recém-lançada, denominada YVY, é produzida sem resíduos químicos prejudiciais ao meio ambiente, leva em sua composição menos água que os produtos tradicionais do mercado e tem suas embalagens feitas em PET reciclável.

As duas empresas acima apresentam soluções inovadoras que criam valor social e ambiental sem abrir mão do resultado financeiro, são modelos de negócio como estes que retratam o campo de atuação do Sense-Lab. Com o objetivo de suportar as mais diversas organizações, sistemas e lideranças na definição de estratégias de inovação em busca da criação de valor coletivo, o Sense-Lab desenvolve projetos focados em modelos de negócio sustentáveis, mecanismos financeiros para conservação, além de modelos de governança e estruturas em rede para a resolução de problemas sistêmicos de forma colaborativa. Entre alguns de seus projetos desenvolvidos destacam-se o apoio a criação do Observatório da Governança das Águas junto ao WWF e mais 83 instituições signatárias, que visa fortalecer a governança de recursos hídricos do Brasil, e o apoio à Fundação Grupo Boticário no desenvolvimento de uma rede nacional de apoio ao Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), um mecanismo financeiro para conservação.

"O Sense-Lab cria caminhos para que as SBNs incorporem modelos de negócio que estabeleçam a sustentabilidade financeira da iniciativa, podendo gerar receita ou lucro ao mesmo tempo que promovem a conservação. Acredita-se que oferecer soluções que visam produzir de forma equilibrada valor econômico, social e ambiental, reduzindo riscos e alavancando oportunidades tende a ser a nova onda de inovação e ganhos de produtividade na economia global."

Ao final do evento mostrou-se bastante assertiva a proposta de integrar discussões sobre serviços ecossistêmicos e soluções baseadas na natureza com iniciativas reais, inspirando outras empresas, universidades e governos a beneficiarem suas regiões utilizando a natureza. Busca-se como próximos passos um esforço coletivo na promoção do entendimento que o cuidado com o meio ambiente é a base para atingimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável propostos pela ONU, além de contribuir para o Plano Nacional de Adaptação às mudanças Climáticas no Brasil.

Todas as 15 iniciativas foram convidadas a se juntarem aos times da Fundação Grupo Boticário e do Gvces para a celebrarem com uma foto o encerramento do evento. Logo após, foi oferecido um café para que todos pudessem se aproximar um dos outros, se conhecerem e somarem esforços na promoção da conservação ambiental no Brasil. Aguardamos a 2ª edição com mais iniciativas e uma escala ainda maior de impacto.

 

Yurik Ostroski

Graduado em Turismo, pós-graduado em Marketing e em Administração, atuou por 10 anos nas áreas de Trade Marketing e Vendas. Durante essa trajetória despertou o interesse por projetos de transformação social e criação de valor coletivo e decidiu se formar em estruturação de negócios de impacto social da Artemisia. O seu ultimo grande passo foi empreender o Sense-Lab; e hoje dedica-se à estruturação de negócios e facilitação de iniciativas com foco em Impacto positivo.


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